A década de 90 foi marcada pelos filmes de terror adolescentes. Qualquer pessoa com vinte anos ou mais já deve ter se reunido com vários amigos da sala do colégio para ir assistir algum desses filmes em sua adolescência. Entre filmes como “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” e “Premonição”, o mais famoso e conhecido talvez seja a trilogia “Pânico”. O mestre do terror Wes Craven( Criador do eterno Freddy Krueger) é a mente por trás dessa serie de tanto sucesso entre os adolescentes de 1996. Após dez anos longe do terror e do mediano “A sétima alma” em 2010, Craven retorna de uma vez por todas ao gênero que lhe consagrou e retorna em grande estilo. Pânico 4 consegue
trazer para a época atual um estilo de terror a muito esquecido, porém adaptado para o estilo dos filmes atuais e se tornando talvez o melhor filme da franquia e um dos melhores filmes de terror da década. Nova década, novas regras.

Pânico 4 aposta no estilo do primeiro filme, o de maior sucesso da serie, porém com vários elementos do terror moderno. Mas Craven não apenas coloca esses elementos, mas nos avisa de cada elemento retirado e cada adicionado, de maneira extremamente sátira. O filme mistura perfeitamente humor e suspense. Gritos de medo são alternados para grandes gargalhadas em questão de segundos, mas não rimos negativamente do filme. Craven colocou inúmeras referencias ao terror da década de 90 e ao cinema com um todo, de maneira hilária e ao mesmo tempo inteligente. São muitas mesmo, tantas que assisti ao filme duas vezes e mesmo assim perdi as contas. Não espere rir de piadas cafonas ou de vergonha alheia do filme, mas sim de comentários sagazes e criativos e sobre filmes de terror que marcaram a década de 90 e o inicio do século 21. Wes Craven satiriza seus próprios filmes e outros grandes sucessos, as vezes tão indiretamente que você mal percebe, como quando fala de Harry Potter(sim Harry Potter) com uma comparação simplesmente hilária da autora J.K. Rowling com Daniel Radcliffe.
A historia do filme é simples como a do primeiro, se tornando propositalmente clichê e dando uma graça extra a película. Dez anos após os acontecimentos do terceiro filme(que foi lançando exatamente dez anos atrás.) a eterna sobrevivente Sidney Prescott(Neve Campbell) retorna a woodsboro para divulgar seu livro sobre como superou seu passado sangrento. Porém no dia seu retorno, um novo ghostface aparece para matar todos ao redor da protagonista. O agora xerife, Dewey Riley(David Arquete) e a ex-repórter e agora esposa de Dewey, Gale Weathers(Courteney Cox) mais uma vez partem em busca de capturar ghostface. Mas esse novo ghostface não segue as mesmas regras dos outros três do passado, e o trio de protagonista não pode fazer nada além de assistir.
A grande tacada desse filme foi usar o elenco original da trilogia, atraindo todos os fãs antigos, e usar também nomes conhecidos por series adolescentes atuais, como Emma Roberts(da serie “Normal demais”), Hayden Panettiere( da serie “Herois”), Adam Brody( da serie “The OC”), Anna Paquin (de “True Blood”) e Kristen Bell( Também de “Herois”). Os nomes atraem atenção de duas gerações entregando para os adolescentes atuais um pouco do terror dos anos 90 e para ex-adolecentes um prazer nostálgico unido com os comentários da evolução do terror. Referencias a filmes de terror que marcaram esses 15 anos entre o primeiro Pânico e o atual aparecem a cada minuto. De comentários maliciosos sobre atores, piadas irônicas sobre filmes a até vermos as personagens assistir “Ta todo mundo quase morto”. O filme está recheado de diálogos inteligentes sobre a evolução do terror.