domingo, 17 de abril de 2011

Pânico 4

(Scream 4, 2011)



Gênero: 
Terror
Duração: 
111min 
Origem: 
EUA 
Direção: 
Wes Craven
Roteiro: 
Kevin Williamson 
Produção: 
Bob Weinstein, Harvey Weinstein

Atores:
Neve Campbell, David Arquette, Courteney Cox



A década de 90 foi marcada pelos filmes de terror adolescentes. Qualquer pessoa com vinte anos ou mais já deve ter se reunido com vários amigos da sala do colégio para ir assistir algum desses filmes em sua adolescência. Entre filmes como “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” e “Premonição”, o mais famoso e conhecido talvez seja a trilogia “Pânico”. O mestre do terror Wes Craven( Criador do eterno Freddy Krueger) é a mente por trás dessa serie de tanto sucesso entre os adolescentes de 1996. Após dez anos longe do terror e do mediano “A sétima alma” em 2010, Craven retorna de uma vez por todas ao gênero que lhe consagrou e retorna em grande estilo. Pânico 4 consegue
trazer para a época atual um estilo de terror a muito esquecido, porém adaptado para o estilo dos filmes atuais e se tornando talvez o melhor filme da franquia e um dos melhores filmes de terror da década. Nova década, novas regras.

Pânico 4 aposta no estilo do primeiro filme, o de maior sucesso da serie, porém com vários elementos do terror moderno. Mas Craven não apenas coloca esses elementos, mas nos avisa de cada elemento retirado e cada adicionado, de maneira extremamente sátira. O filme mistura perfeitamente humor e suspense. Gritos de medo são alternados para grandes gargalhadas em questão de segundos, mas não rimos negativamente do filme. Craven colocou inúmeras referencias ao terror da década de 90 e ao cinema com um todo, de maneira hilária e ao mesmo tempo inteligente. São muitas mesmo, tantas que assisti ao filme duas vezes e mesmo assim perdi as contas. Não espere rir de piadas cafonas ou de vergonha alheia do filme, mas sim de comentários sagazes e criativos e sobre filmes de terror que marcaram a década de 90 e o inicio do século 21. Wes Craven satiriza seus próprios filmes e outros grandes sucessos, as vezes tão indiretamente que você mal percebe, como quando fala de Harry Potter(sim Harry Potter) com uma comparação simplesmente hilária da autora J.K. Rowling com Daniel Radcliffe.

A historia do filme é simples como a do primeiro, se tornando propositalmente clichê e dando uma graça extra a película. Dez anos após os acontecimentos do terceiro filme(que foi lançando exatamente dez anos atrás.) a eterna sobrevivente Sidney Prescott(Neve Campbell) retorna a woodsboro para divulgar seu livro sobre como superou seu passado sangrento. Porém no dia seu retorno, um novo ghostface aparece para matar todos ao redor da protagonista. O agora xerife, Dewey Riley(David Arquete) e a ex-repórter e agora esposa de Dewey,  Gale Weathers(Courteney Cox) mais uma vez partem em busca de capturar ghostface. Mas esse novo ghostface não segue as mesmas regras dos outros três do passado, e o trio de protagonista não pode fazer nada além de assistir.
A grande tacada desse filme foi usar o elenco original da trilogia, atraindo todos os fãs antigos, e usar também nomes conhecidos por series adolescentes atuais, como Emma Roberts(da serie “Normal demais”), Hayden Panettiere( da serie “Herois”), Adam Brody( da serie “The OC”), Anna Paquin (de “True Blood”) e Kristen Bell( Também de “Herois”). Os nomes atraem atenção de duas gerações entregando para os adolescentes atuais um pouco do terror dos anos 90 e para ex-adolecentes um prazer nostálgico unido com os comentários da evolução do terror. Referencias a filmes de terror que marcaram esses 15 anos entre o primeiro Pânico e o atual aparecem a cada minuto. De comentários maliciosos sobre atores, piadas irônicas sobre filmes a até vermos as personagens assistir “Ta todo mundo quase morto”. O filme está recheado de diálogos inteligentes sobre a evolução do terror.


Nada foi esquecido, tudo foi satirizado. Craven fala sobre as regras antigas de filmes e sobre as novas de maneira direta. A loira burra, a siliconada, a virgem nunca morrer, a ineficiência da policia, você verá comentários sobre tudo isso, e todos são hilários. Craven nos prova que uma das novas regras é que apenas fazer sentir medo não é o bastante. Nós rimos de situações que normalmente não seriam engraçadas, como uma ameaça pelo telefone ou um dialogo sobre o único policial que nunca morre em filmes ser o Bruce Willis(“Duro de matar” Sacaram?). Sem falar que nomes como Michael Myers, Jason, Letherface e outros ícones do gênero de terror não são deixados de fora.  É quase uma aula sobre terror, misturado com sangue e gritos.
Alias sangue é o que não falta no filme. Craven está mais violento do que nunca, nos mostrando que uma simples faca de combate pode fazer um estrago inimaginável ao corpo humano. O ghostface atual é o mais violento, não apenas matando suas vítimas, mas as torturando, mutilando e deixando o local completamente banhado em sangue. E até nas mortes vemos referencias a outros filmes. Os mais adeptos ao gênero perceberão logo essas mortes. Mas ao contrario de criticarmos esse clichê, o que acontece é mais um motivo para diversão, ao vemos as cenas se repetindo dez anos depois.  Sustos também existem, lógico, mas a maioria são os chamados "falso sustos", quando você está naquela tensão e aquele efeito sonoro ensurdecedor te faz pular na cadeira, e você então repara que era um.....vaso de planta. Enquanto o assassino de verdade aparece sempre em plano aberto, sorrateiro e direto. Mais um ponto positivo para as novas regras.
Neve Campbell
As atuações não são o forte do filme, mas não desagradam. O filme, por ter um forte teor de humor, foi gravado sem uma obrigação de ter atuações serias. Isso foi algo positivo, pois os atores se sentiram mais livres, de não ter que atuarem para ganhar um Oscar, e puderam assim inovar um pouco. Os experientes Neve Campbell(“Garotas selvagens”), David Arquette(“Nunca fui beijada”) e Courteney Cox(“3000 milhas para o inferno”), retomam seus papeis dos filmes anteriores, porém não tem chance de desenvolve-los. A única que aparece tempo suficiente é Neve, que não decepciona com Sidney, ex virgem inocente e agora madura e forte por conta de tudo que 
Emma Roberts
passou. Sidney não tem medo de enfrentar ghostface, mesmo tendo passado por três experiências parecidas no passado. Marley Shelton(“Grindhouse – Planeta terror”)nos entrega uma péssima atuação, mas que por conta do clima descontraído do filme, acaba criando uma das personagens mais carismáticas da trama. A nova leva de atores apenas cumpre seu papel. Hayden Panettiere(“Um segredo entre nós”) prova que não deveria ter saído de Heróis. Emma Roberts(“Idas e vindas do amor”) nos entrega talvez a melhor atuação do filme, mas não posso comentá-la sem dar spoiler. Apenas assista. O resto do elenco não aparece ou vive tempo suficiente para nos dar uma atuação cabível de julgamento.
O roteiro também está excelente. O experiente em terror adolescente Kevin Williamson, responsável pelos dois primeiros Pânicos, nos entrega uma historia simples, porém muito bem trabalhada. Todos são suspeitos. Kevin teve o trabalho de nos entregar vários personagens com motivos para ser o assassino, para que agente passe o filme inteiro sem conseguir descobrir realmente o vilão. Tomadas mostrando personagens no escuro, e frases meticulosamente pensadas, nos fazem desconfiar de quase todos os personagens. Tentar adivinhar quem é o real assassino é uma diversão a parte, que aumenta a experiência cinematográfica. Não darei spoiler algum, mas o assassino escolhido não ira decepcionar ninguém.
Pânico 4 é pura diversão. Wes Craven prova que é um dos melhores diretores de terror do cinema. O filme dosa humor, suspense e medo e ira te levar do céu ao inferno. Talvez um dos melhores filmes da temporada, provavelmente não ira decepcionar ninguém, seja você um fã antigo da serie ou de filme de terror da década de 90 ou alguém mais novo, familiarizado com o terror atual. Seja em qual estilo você se encaixa, ira sair da sala de cinema com um sorriso no rosto, uma sensação agradável de satisfamento e, se tiver mais de vinte anos como eu, provavelmente ira correr para rever os primeiros filmes da serie.


Pânico 4

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2 comentários:

  1. Gritos de medo são alternados para grandes gargalhadas em questão de segundos, mas não rimos negativamente do filme.

    "falso sustos", quando você está naquela tensão e aquele efeito sonoro ensurdecedor te faz pular na cadeira, e você então repara que era um.....vaso de planta.

    muuito bom!

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  2. Você é formado em cinema e/ou jornalismo? Suas críticas são as melhores que já li.

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