quinta-feira, 14 de abril de 2011

Deixe-me entrar

(Let me in, 2010)




Gênero: 
Suspense
Duração: 
115min 
Origem: 
EUA 
Direção: 
Matt Revees
Roteiro: 
Matt Revees, 
Produção: 
Alexander Yves Brunner, Guy East, Carl Molinder, Nigel Sinclair
Atores:
Chloe Moretz, 
Kodi Smit-McPhee, Elias Koteas 




Quando se fala em remake, normalmente pensamos em duas coisas, ou um ótimo filme antigo, com um belo roteiro, sendo estragado em busca de gráficos melhores ou um ótimo filme estrangeiro sendo estragado por que americano não sabe ler legendas. Seja qual das duas opções for, remake significa estragar a obra inicial. Hollywood é campeã em estragar ótimos filmes com remakes medíocres. 
Claro que isto não é regra e casualmente vemos remakes excelentes como “bravura indômita” dos irmãos Coen ou “Onze homens e um segredo”. Mas como está na moda fazer remakes, a tendência é vermos cada vez mais fãs indignados com remakes capengas. Felizmente esse não foi o caso em “Deixe-me entrar”, remake do filme sueco “Deixe Ela entrar” de 2008. O filme não fica por baixo do original, sendo que ainda vai além, no fim acaba completando e acrescentando qualidade a obra.

O filme nos conta a historia de Owen(Kodi Smit-McPhee), um garoto tímido, que sofre de bullying na escola e esta passando por problemas familiares, com o complicado divorcio de seus país. A vida de Owen muda com a chegada de seus novos vizinho, um velho calado(Richard Jenkins) e uma garota da sua idade chamada Abby(Chloe Moretz). De inicio Abby fala que não pode ser amiga dele, mas ao notar que o garoto é solitário que nem ela, e que visivelmente possui problemas, uma amizade entre os dois nasce. Ao mesmo tempo em que a inocente amizade entre as duas crianças começa a crescer e virar um amor infantil, sinistros assassinatos começam a acontecer na cidade, onde as vítimas tem o seu sangue totalmente retirado do corpo. A policia desconfia de um assassino em serie, que roda o pais realizando crimes parecidos, provavelmente envolvido em algum culto satânico. Owen não sabe, mas Abby e os assassinatos estão intimamente ligados, ela esconde um segredo horrível, que mudara a vida de Owen para sempre. Abby é na verdade uma vampira e precisa de sangue para viver.

Vampiros! Quando falamos em vampiros, dependendo de quem você é, duas imagens distintas podem vir à sua cabeça. Meninas adolescentes(as vezes nem tanto) pensam em seres andróginos, que brilham no sol, bebem sangue moderadamente e não gostam de sexo. Pessoas normais pensam em mortos-vivos assassinos que seduzem e matam para se alimentar. Abby é um vampiro do tipo tradicional, como as pessoas normais vêem, mas ainda assim diferente. Ela é uma criança que alterna entre crueldade e inocência. Deixe-me entrar conta uma historia de amor improvável, com o romance Romeu e Julieta de fundo. O amor entre um garoto com problemas sociais, que está desenvolvendo tendências psicopatas e uma garota vampira, que se sente sozinha e precisa de alguém para protegê-la. O filme não nos fala se os sentimentos de Abby são verdadeiros ou puro interesse. Os roteiros são muito parecidos. A versão americana foca mais o amor infantil enquanto o sueco foca no ciclo vicioso de Eli(A Abby na versão sueca) em busca de um novo protetor, uma vez que o atual não lhe serve mais. São duas historias idênticas com focos diferentes, mas que se completam.


A direção de Matt Revees (Cloverfield-Monstro) é espetacular. Revees, que também assina o roteiro da obra, mostra que apesar de iniciante no cinema, tem jeito para a coisa. O filme é graficamente perfeito. Possui uma fotografia em tomadas externas amarelada, gerando um jeito único e bonito ao filme. Para os mais atentos a detalhes, Revees fez um trabalho de câmeras espetacular, detalhes pequenos mais que completam a historia, como o fato dele não mostrar diretamente o rosto da mãe de Owen ou o pai do jovem, demonstrando a falta de importância dos dois para a vida do garoto. Vários reflexos e desfoques perfeitamente utilizados concedem ao filme além de sua ótima historia, uma qualidade estética perfeita. O filme, apesar de não ter os melhores efeitos especiais, é muito bonito.
As cenas de violência são fortes, porém necessárias. O contraste entre a garota meiga e a assassina sanguinária cria um dos melhores paradoxos do cinema atual. Parece até natural ver uma criança quebrar pescoços e arrancar braços. As duas faces de Abby estão muito bem visíveis, sendo hora uma garota solitária em busca de diversão e amor, algo que aparentemente nunca teve na vida, e hora uma criatura egoísta e maligna. Chega a ser surpreendente, mesmo que previsível, a cena em que um encontro “romântico” acaba se tornando a cena mais assustadora do filme. O filme é sangrento e as mortes são cruéis. 


Kodi Smit-McPhee
O jovem Kodi Smit-McPhee(A estrada) utiliza bem os conhecimentos de seu ultimo e muito dramático filme, incorporando bem o jovem Owen. Kodi consegue nos mostrar uma criança confusa, que sofre tanto em casa quanto na escola e tem que viver com um dilema interno, uma briga de sua consciência entre ser uma pessoa normal ou um assassino psicopata. O menino que conseguiu roubar a cena de Virgo Mortensen não decepciona. Mas o troféu vai mesmo para a incrível Chloe Moretz(Kick ass – Quebrando tudo). Essa garota vai longe, depois da incrível Hit Girl em “Kick ass”, Chloe nos confirma que é uma excelente atriz. Mostrando uma maturidade muito superior do que a, exageradamente babada, Dakota Fanning mostrou quando tinha a mesma idade, Chloe, com apenas treze anos, consegue com perfeição interpretar uma criança que provavelmente tenha mais de cinqüenta anos, talvez até cem. A atuação da jovem supera, e muito, a atuação de Lina Leandersson( a Eli do original Deixe Ela entrar). Ficamos realmente sem saber se Abby é boa ou má e se ama Owen ou apenas quer se aproveitar dele. Na medida em que Chloe alterna entra uma criança inocente e apaixonada 
Chloe Moretz
uma vampira má e capaz de matar, ela nos entrega uma atuação que poucos teriam capacidade. Richard Jenkins(Queime depois de ler) também faz um excelente interpretação, com o complicado pai de Abby. Apesar de aparecer pouco, o ator consegue nos passar todo o drama de alguém forçado a matar por amor, para evitar a morte de Abby. O personagem é complicado, o “pai” de Abby precisa matar para pegar sangue para ela, mas após anos fazendo isso, está cansado e não agüenta mais matar, porém está preso a esse ciclo sem escapatória. Ou ele mata, ou Abby arrisca sua vida caçando por si só. Já Elias Koteas(Ilha do medo) nos entrega uma atuação mediana, de um policial que tenta evitar os assassinatos, mas parece meio perdido na historia. O seu personagem que supostamente devia ser o herói, acaba se tornando apenas um peso na historia.

Não tem como não ser cativado pelo romance infantil. Fingido ou natural, não importa. Ao vermos Abby e Owen tentar um agradar o outro, mesmo que passando perigos para tal, um sentimento de afeto pelo casal é inevitável. Não se engane, por mais que você saiba que Abby é um monstro, não terá como impedir de ter sentimentos favoráveis a jovem vampira( alias ela não assume ser vampira, quando Owen a pergunta sobre isso, ela se resume a responder “preciso de sangue para poder viver.”). Vemos um lado humano em Abby aflorar quando ela esta ao lado de Owen. Um lado a muito esquecido pela garota. Mas por mais infantil que romance base seja, o filme é bastante adulto e mostra crianças como muita vezes são, tentando ser adultas, tornando a historia bem mais real. Owen, que sempre vê pela janela os vizinhos transarem, não é uma figura santa, chegando a olhar Abby trocar de roupa enquanto ela esta distraída. O romance entre os dois é cheio de referencias sexuais, não explicitas, mas inocentes. Apesar de nem 
chegarem a se beijar no filme, Owen demonstra um desejo visível, e Abby parece notar e se utilizar bem disso.  

Deixe-me entrar não é terror, apesar das cenas fortes e violentas, mas sim um romance dramático, uma historia de amor e morte. O filme é adulto e acerta ao escolher protagonistas mirins acostumados com filmes do mesmo estilo. Um dos melhores filmes de vampiro já feito. Não é um filme que vai te fazer vibrar, chorar ou pensar, mas é um filme que irá te cativar. A mistura inocência/morte nunca foi tão bem explorada.





Deixe-me entrar 


Fico Interessado? Toma o trailer

Nenhum comentário:

Postar um comentário