Duração:
106min
Origem:
EUA
Direção:
Geroge Nolfi
Roteiro:
Geroge Nolfi
Produção:
Geroge Nolfi, Bill Carraro, Michael Hackett, Chris Moore
Atores:
Matt Damon, Emily Blunt, John Slattery

Estamos falando de um ótimo filme, um dos melhores do ano. Plot interessante, boas atuações e uma direção inteligente. Apesar de tudo, o filme possuía um potencial enorme de ser um clássico moderno. Isso não diminui a qualidade do filme, mas deixa você pensando que poderia ter sido extremamente melhor. O filme aborda temas polêmicos de maneira quase sorrateira. Deus, religião, livre-arbítrio e a capacidade do ser humano de se auto-destruir são comentadas e criticadas em plano de fundo de uma historia de romance impossível, uma jogada genial ao meu ver. É muito difícil comentar sobre esses assuntos de maneira segura, pois de certo modo eles ainda são um grande tabu da sociedade. Se você fala de Deus, ou é fanático ou é ateu, e ninguém gosta de assumir que sua raça é naturalmente propensa a maldade. Essa ainda é a visão de muitas pessoas.

O roteirista Geroge Nolfi(Doze homens e um novo segredo), que assume também pela primeira vez a direção, escreveu uma historia inteligente e possível. Inspirado em um conto de Philip K. Dick, cujas outras obras geraram os filmes "Blade Runner, o Caçador de Andróides", "O Vingador do Futuro" e "Minority Report", Nolfi prolongou a historia colocando vários questionamentos filosóficos dentro da mesma. Quem leu a obra de Dick “Adjustament Team”, percebera que ela fala apenas sobre os agentes e nada mais. A comparação deles com anjos, os questionamentos religiosos, sobre livre arbítrio e sobre o ser humano, e principalmente, o romance principal, foram todos criados por Nolfi. Então é justo que caia sobre ele os méritos do roteiro, mesmo não sendo oficialmente um roteiro original. Nolfi nos faz pensar em questões como até onde temos liberdade de escolha se Deus escreveu tudo que irá acontecer, ou por que o ser humano ao longo da historia sempre esta em guerra, mas pensamos isso sem perceber que o filme nos influencia, pois ficamos lubridiados com o romance de David e Elise. Outro fato também é que em nenhum momento os agentes assumirem que seu presidente é Deus, apesar de assumirem que também podem ser chamados de anjos e deixarem bem claro a natureza divina do misterioso presidente. Isso alivia os ânimos do filme, fazendo que a força religiosa da narrativa seja quase imperceptível.
Como diretor Nolfi não decepciona para seu primeiro filme. Com tomadas interessantes, principalmente as das “portas”, e cenários inteligentes e bem pensados, ele cria dois mundos diferentes que se misturam, o dos humanos e o dos agentes. Ele se mostra bem eficiente na montagem e edição de seu filme, fazendo cenas “sobrenaturais” parecer quase cotidianas. Isso não só humaniza o filme, como humaniza os próprios agentes. Você acaba por muitas vezes vendo eles quase como humanos cumprindo um trabalho que não sabem bem o motivo. As tomadas externas do filmes utilizam varias câmeras e elas são misturadas de forma bem eficiente, nos dando uma impressão de movimento continuo em perseguições. O amor repentino dos protagonistas não se torna um defeito, pois além de explicado na trama o porquê, é tão sofrido e demorado para se concretizar que você esquece que eles já são apaixonados um pelo outro. Nolfi começou de forma excelente sua carreira como diretor, e mostra que pode criar um nome nesse ramo.
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Anthony Makie |
Os atores são outro ponto forte do filme, que conta com vários nomes de peso. O casal principal possui química quase natural. Mas não podíamos esperar menos dos dois. Matt Damon(Bravura Indômita) é um dos melhores atores da “juventude de Hollywood”. Com uma filmografia enorme para sua idade e vários personagens principais famosos no currículo, Damon cria seu David fugindo do estilo de ação que o consagrou com seu agente Bourne, e criando algo totalmente novo. A não menos talentosa Emily Blunt(A jovem rainha Victoria) cria a, desculpem o clichê, outra metade da laranja ideal para
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Damon e Blunt |
Damon. Sua Elise é exatamente o oposto a David, mas de forma positiva, como se um completasse o outro. Queira o não eles tinham a responsabilidade de cativar o publico para que a historia do filme desse certo, e realizam esse papel de forma competente. Os outros nomes também fazem atuações belas completando o filme, principalmente os agentes que mais vemos interagir com David. O experiente Terence Stramp(O Procurado) cria o mais próximo de um vilão que o filme chega a ter, mas mesmo assim vemos que seu agente apenas cumpre ordens de uma força superior. Outro nome que merece ser citado é o do Anthony Makie(Guerra ao Terror), que cria o agente Harry Mitchell de forma incrível, com expressões faciais quase naturais mostrando que ele está divido entre seu trabalho e seus sentimentos, e tornando suas ações no decorrer do filme naturais e não forçadas.
O filme é excelente, porem como disse anteriormente, possuía potencial muito superior. O final chega a ser um pouco forçado e decepcionante, podendo ter sido trabalhado melhor, com elementos surpresas menos na cara. Talvez se ele tivesse se atrelado ao final do conto de Dick, ou feito algo na mesma linha, o resultado teria sido, como eu já havia citado, um clássico moderno. Mas mesmo não atingindo esse patamar, o final não é ruim. Talvez Nolfi apenas tenha ficado com medo de sofrer criticas, que já havia escapado quando pós a religiosidade da historia em segundo plano, e não arriscou a trazer ela totalmente à tona no final. Ou talvez ele só não pensou em algo melhor. Seja o motivo, ele ainda assim estréia no cinema com um excelente filme que deve ser conferido com certeza. Nolfi soube dosar ação, romance, misticismo e filosofia homeopaticamente de forma a gerar uma película divertida, emocionante e com capacidade de nos fazer refletir.
Os Agentes do Destino
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