domingo, 1 de maio de 2011

Bruna Surfistinha: O doce veneno do escorpião

(Bruna Surfistinha: O doce veneno do escorpião, 2011)




Gênero
Biografia/Drama
Duração
109min 
Origem
Brasil 
Direção
Marcus Baldini
Roteiro:
José de Carvalho, Homero Olivetto, Antônia Pellegrino
Produção: 
Rodrigo Letier, Marcus Baldini, Roberto Berliner 
Atores:
Deborah Secco, Drica Moraes, Cássio Gabus Mendes


O cinema nacional é marcado por fases, no final da década de 90 tínhamos a media de um a dois filmes por ano. Apesar de essa época contar com filmes bons como O que é isso companheiro ou Central do Brasil, o cinema nacional era quase um cinema independente.  Não que filmes Indies sejam ruins, pelo contrario um dos meus filmes favoritos é um indie chamado INK, porém eles normalmente não são sinônimos de qualidade.  No inicio do século XXI tivemos uma decadência do cinema brasileiro, com uma saraivada de filmes de comedia capengas no melhor estilo A grande família. Filmes bons nessa época até existiram, mas geralmente tínhamos que nos contentar em ver a historia de uma dupla sertaneja e seu pai. O cenário mudou na segunda metade da década de 2000, quando começamos a ter comedias inteligentes e filmes com historia de verdade, com o ápice no excelente Tropa de elite. Isso fez com que os olhos do cinema internacional brilhassem para o Brasil, começamos a ver filmes bons, com atores internacionais, e começamos a ver atores e diretores nacionais sendo “exportados” para Hollywood.

Bruna surfistinha: O doce veneno do escorpião é mais uma prova da evolução do cinema nacional. Não é um excelente filme, porém serve para mostrar que até filmes medianos são produzidos com competência agora no Brasil. Sem prometer muito e entregando mais que o esperado, a película tem um resultado bom, principalmente para o publico masculino. Porém, mais que ver a Deborah Secco seminua em cenas quentes, o filme nos mostra um historia realmente interessante, de onde talvez nem tivesse de se tirar uma.

O filme conta a biografia de Raquel Pacheco, uma garota de classe media que um dia resolve virar garota de programa. Com o tempo e por causa de um blog, Raquel vira Bruna Surfistinha, a garota de programa mais famosa do país. Baseado no livro homônimo “O doce veneno do escorpião”, o filme fala da historia da garota, desde sua infância até sua decadência, passando por inúmeras situações inusitadas em seus programas, fugindo de ser um filme sobre a prostituição e sendo um filme sobre a prostituta.

Tecnicamente o filme surpreende bastante, o iniciante Marcos Baldini se mostra competente como diretor de longas metragens. Com tomadas seguras, ângulos de câmera bem posicionados em cenas eróticas e uma fotografia competente, Baldini estréia no cinema com um ótimo trabalho estético. O filme é bonito de se ver, não vemos clichês nem tomadas repetidas. E Baldini consegue dirigir cenas de sexo fugindo bem do “quase pornô” que muitos esperavam. Uma das cenas mais interessantes é quando em plano lateral e sem cortes, Baldini nos mostra vários programas que Bruna fez durante algum tempo.


Cássio Gabus Mendes
A atuação cai toda nos ombros de Deborah Secco(Meu tio matou um cara), que encarna uma garota de programa em todas suas fazes, iniciante, experiente e decadente. O grande mérito do filme talvez seja da jovem atriz. Cenas de nudez não foram problemas para ela que já pousou nua diversas vezes. Porém as cenas de sexo me surpreenderam. Deborah 
 Drica Moraes
grava cenas dignas de filmes pornôs softcores(AKA cine band prive para os mais antigos), com uma naturalidade de quem fez isso a vida toda. Ela esta totalmente à vontade nas cenas fortes dos programas de Bruna, que não são poucas. O resto do elenco, com vários nomes profissionais, também completam bem o filme. Cássio Gabus Mendes(Chico Xavier) faz uma boa atuação com Hudson, o cliente mais fiel de Bruna que no futuro vira seu marido, mas a atenção mesmo é de Drica Morais(O bem amado), que faz uma cafetina com uma segurança de quem provavelmente teve que freqüentar vários prostíbulos para aprender. O resto do elenco não tem nome forte nem atuações memoráveis, porém cumprem bem o seus papeis, em especiais as outras prostitutas do filme.



O erotismo foi muito forte no filme, e talvez até exagerado. Eu pessoalmente me senti incomodado algumas vezes na sala de cinema. As cenas de sexo eram de fato necessárias, mas ficaram às vezes longas demais. Ficou obviou que o diretor queria agradar o publico masculino com o filme. Por mais que o filmes tenhas vários pontos positivos, duvido que alguma mulher fale bem das cenas eróticas, alias apostos até que foram poucas as que gostaram do filme. Esse talvez tenha sido o maior erro do filme. Baldini poderia ter confiado mais na historia e em sua direção para garantir o sucesso do filme, porém ele apela muito a sexualidade para atrair homens. Muitos irão para o cinema pouco se importando se o filme é bom e sim querendo ver Deborah Secco em ação. Para esses vai a dica, economize o ingresso, entre no google e pesquise "cenas de sexo deborah secco bruna surfistinha" com certeza vão achar elas on line. Se duvidar você ainda faz um download maroto e guarda de recordação ai em uma pasta mais escondida de seu pc.

Muitas pessoas criticaram o filme por fazer uma alusão sobre como a vida de uma garota de programa é boa, e que ele estaria incentivando a prostituição. Essas pessoas esqueceram de um detalhe. Estamos falando de uma biografia e não uma ficção. Uma historia real de uma garota de programa que se deu (muito)bem na vida.  Não tinha como fazer diferente. O filme não nos fala que todas as garotas de programa vão se dar bem, mas que uma garota de programa em especifico se deu muito bem com sua escolha. Não podemos mudar uma historia real e que já havia sido previamente publicada. Como filme biográfico, Bruna Surfistinha cumpre muito bem seu papel, com um filme no mesmo estilo de Profissão de risco e O senhor das armas. (Atenção, não estou comparando os filmes, mas apenas os estilos, filmes biográficos) Vemos a historia de Raquel a Bruna e de Bruna a Bruna Surfistinha sem deixar espaços ou decisões sem explicações, Também vemos a decadencia gradativa da garota, fazendo coisas que antes criticava e se enterrando no fundo do poço. Apesar de que varias coisas foram criadas para o filme e não realmente ocorreram com a Raquel real, a historia não tira o pé do chão em nenhum momento.

Porém ao mesmo tempo em que as várias cenas eróticas foram exageradas e direcionadas para os seres masculinos, elas servem também para quebrar um tabu antigo, que diz que brasileiro é santo. Todo mundo fala palavrão no dia a dia, mas não pode ouvir isso nos filmes. Todo mundo também faz e gosta de sexo, mas não se pode conversar sobre esse, porque é errado. Nesse aspecto o filme é um tapa na cara do puritanismo. Quem também acha ridículo esse falso puritanismo brasileiro vai gostar de vários diálogos do filme. Alias nunca esperei que um biografia de prostituta pudesse render tantos diálogos interessante e até inteligentes.

Bruna Surfistinha não chega aos pés de grandes filmes nacionais, mas é um filme bom. Com seus defeitos de marinheiro de primeira viagem, Baldini nos entrega um filme acima da media, que definitivamente vale a pena ser conferido. Mulheres um pedido, finjam não ver as várias cenas de sexo, e tirar um pouco do preconceito sobre prostituição, que aposto que vão gostar do filme também. Alias se você é preconceituoso passe bem longe desse filme, ele foi feito para pessoas de outro nível intelectual.(bem mais elevado)




Bruna Surfistinha: O doce veneno do escorpião


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OFF TOPIC
Alguém acha essa mulher bonita? Serio mesmo?


4 comentários:

  1. Também gostei bastante do filme. Apesar da temática complexa o filme foi muito bem colocado, mostrando o drama da personagem e seu dia-a-dia nem despencar na vulgaridade que estava sempre ali em um limite delicado.

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  2. Eu não gostei do filme, mas sei que é um filme bom. Senti muita falta de um roteiro, mas como exigir um roteiro mais bem elaborado quando o que aconteceu é exatamente aquilo? A graça do filme é a atuação da Deborah Secco, e não seus peitos, ela foi espetacular...
    e não, não acho a verdadeira Rachel Pacheco bonita

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  3. Acabei de assistir ao filme e achei bem normal. Não vi nada muito apelativo como muitos falaram. Hoje em dia existem muitas comédias românticas com cenas de sexo muito mais fortes do que as apresentada no filme. Cenas de sexo teria que existir no filme, afinal fala de uma gorota de programa que ganha a vida fazendo sexo.
    O filme conta a história de uma menina adotada por uma família que praticamente não se entendiam. A Bruna no colégio não era a mais encantadora. Na verdade ela era bem sem sal. A transformação dela se deu na hora que ela pegou a sua mochila e saiu de casa. Foi uma escolha que lea fez para ver aonde a sua vida iria levá-la. O filme mostra isso bem claro quando ela anda sem rumo pela cidade de São Paulo, o seu olhar distante e sem pespectivas. Ao aceitar fazer programas, ela fez a escolha para a vida dela e assim se libertar da garota oprimida pela família.
    Inesperiente ela começa a despertar a invejas de outras garotas que dividem a casa com ela e aos poucos ela se transforma na mais procurada. Sua vida transforma ao escrever um Blog contando sobre seus clientes. Ela ganha muito dinheiro, experimenta todo tipo de droga e se deslumbra com a vida nada fácil. Porém essa vida não lhe trouxe a felicidade e sim a solidão. Quando chega ao fundo do poço, ela dá a volta por cima.
    O filme tem boa atuação da Deborh Secco no papel da Bruna. Fabiuola Nascimento e Drica Moraes cumpriram suas personagem com perfeição.
    É um filme sobre as escolhas que fazemos na vida, elas pode ser certas ou erradas, o importante e sabermos a hora certa de mudar para acertar. Fala também sobre relacionamento familiares e humanos e principalmente a solidão.
    Um filme que recomendo.

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  4. PARA AQUELES QUE ESTÃO CRITICANDO O FILME DEVIDO AS CENAS DE SEXO, QUERIAM O QUE PARA A VIDA DE UMA GAROTA DE PROGRAMA? QUE ELA REZASSE O TEMPO TODO NO FILME? PROSTITUTA GANHA A VIDA É SOLTANDO A XANA SEM DÓ E SEM PIEDADE...

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